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Apoio às mulheres

Será que realmente estamos valorizando as dores femininas, e sua saúde mental?

A terapeuta Mayara Borges abre esse texto pedindo uma reflexão de como a sociedade está percebendo a luta das mulheres por direitos e igualdade de gênero

Publicado em 17/03/2023 às 10:58
Atualizado em

Terapeuta Mayara Borges (Foto: Cintia Antunes)

Ah, o mês de março... Onde todos param para celebrar a luta das mulheres por direitos e igualdade de gênero. Mas, será que realmente estamos valorizando as dores femininas, principalmente em relação à saúde mental?

A verdade é que ainda vivemos em uma sociedade que silencia as dores femininas, especialmente em relação à saúde mental.

O fato de que mais de 150 sintomas de TPM afetam as mulheres é apenas um exemplo dessa desigualdade. Mulheres têm uma maior propensão a desenvolver transtornos emocionais, como ansiedade e depressão, devido a níveis hormonais que fazem os organismos femininos e masculinos funcionarem de forma diferente. É injusto que as mulheres sejam sobrecarregadas com jornadas duplas, triplas e quádruplas, tendo que conciliar trabalho e cuidados domésticos, enquanto lidam com as flutuações hormonais que ocorrem em diferentes fases da vida. É como se a sociedade esperasse que ela fosse uma super-heroína capaz de fazer tudo e ainda sorrir.

É crucial que se reconheça a gravidade desses problemas e haja apoio adequado às mulheres que lutam com problemas de saúde mental. Isso inclui tratamentos profissionais, mas também mudanças estruturais que tornem a vida das mulheres menos exaustiva e mais justa.

Isso começa com a valorização da saúde mental feminina, e tem parada OBRIGATÓRIA na necessidade de reconhecimento do trabalho “invisível” da mulher. Esse trabalho não visto, não remunerado que tem mantido a sociedade de pé até o presente momento: a logística de organizar a vida familiar, decidir quais são as atividades e cuidados prioritários, antecipar quando será preciso fazer compras, repor as roupas das crianças e até mesmo gerenciar a agenda (!) de companheiros e familiares sob seus cuidados. É um trabalho que “passa batido”, mas que mantém as mulheres em estado de constante tensão e vigilância, contribuindo muito para rebaixar significativamente a qualidade de vida feminina.

Como seria a vida moderna, sem a mulher desempenhando o papel de guardiã de todos esses pilares? Será que os homens ainda poderiam jogar futebol duas vezes por semana, por exemplo? Passar a manhã toda na barbearia ou lavando o carro aos finais de semana?

A mulher de hoje precisa de algo que desde a Grécia antiga é reservado aos homens: tempo ocioso. Tempo para pensar, criar e se cuidar; tempo para investir em projetos pessoais, fazer aquela pós-graduação que garantiu uma promoção ao seu colega, aprender um idioma novo para buscar novas oportunidades.

Além da ausência de tempo para si mesmas, o medo e a insegurança contribuem para gerar ainda mais traumas em todas as mulheres. Sem segurança para trabalhar, estudar, ir ao mercado e à academia; sofrendo assédio no trabalho e no transporte público, além da violência doméstica que atinge uma parcela significativa dos lares brasileiros, a mulher se vê num labirinto sem saída, tomando medidas cada vez mais extremas para se proteger e vivendo mais ainda no constante estado de vigília mencionado anteriormente, que traz tantos transtornos emocionais e mentais.

Por isso a luta pela saúde mental feminina deve ser um esforço coletivo, com ações tanto individuais como coletivas. Precisamos criar um ambiente que valorize a saúde mental das mulheres e as empodere a buscar ajuda quando necessário. E essa luta começa com cada um de nós. Com a ajuda de parceiros e rede de apoio, educação dos filhos, medidas jurídicas e a criação de uma cultura de verdadeira valorização do feminino.

A mulher precisa ser olhada com muito mais carinho e atenção. E aprender a se olhar com o mesmo cuidado.

Agora, você pode estar se perguntando: como saber quando essas flutuações de humor ultrapassam a normalidade e é necessário buscar ajuda profissional? A resposta é simples: fique atento aos sinais. Mudanças extremas de humor, alterações significativas no sono, sentimento de tristeza prolongado sem motivo aparente, falta de interesse nas atividades diárias, fadiga constante, aumento da ansiedade e mudanças súbitas no apetite ou no peso corporal são alguns dos sintomas que devem ser levados a sério.

E se você notar alguns desses sintomas em si mesma ou em alguém que conhece, não hesite em buscar ajuda profissional de um terapeuta.

Então, neste mês da mulher, vamos celebrar as conquistas das mulheres, enquanto também reconhecemos as lutas que ainda temos pela frente. Vamos trabalhar juntos para criar uma sociedade que apoia e capacita as mulheres em todas as fases da vida. E vamos lembrar que as mulheres são maravilhosas e competentes para realizar todos os seus sonhos, e que a saúde mental é uma parte importante dessa jornada.

Eu sou Mayara Borges, condutora emocional e terapeuta para humanos de 5 a 95 anos.


Foto: Cintia Antunes

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