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Coluna "Entre Aspas"

Dica de Leitura: A vida (quase) secreta de Polina Polenta - Priscila Blazko

A artista campineira, é docente, lecionando para adolescentes do ensino fundamental II e médio; conheça um pouco mais da escritora e da sua obra

Publicado em 09/03/2023 às 14:06
Atualizado em

(Foto: Divulgação)

Hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a autora Priscila Blazko e sua obra “A Vida (quase) Secreta de Polina Polenta” publicada pela editora Ases da Literatura. Priscila nasceu em Campinas/SP em 1976 e é formada em Letras e Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pós graduada em Análise de Discurso também pela UNICAMP, leciona há 18 anos para adolescentes dos ensinos Fundamental II e Médio, aprendendo constantemente com essa faixa etária tão rica e desafiante. A leitura é presente em sua vida desde muito antes de ser alfabetizada. Os Livros sempre a encantaram e instigaram a experimentá-los. Da experimentação à escrita bastaram o abecedar e o instinto de sobrevivência. Porque, segundo Priscila Blazko... “Escrever é sobreviver. É sobre viver”.

Vem comigo conhecer um pouco mais sobre essa autora!

Como a literatura entrou em sua vida?

Os livros sempre me fascinaram. Desde muito antes de eu ser alfabetizada. Lá pelos 11, 12 anos comecei a me aventurar em leituras, digamos, mais "sofisticadas". Li Felicidade Clandestina, da Clarice Lispector, e pensei "É isso! É exatamente assim que me sinto com os livros!". Foi muito marcante essa descoberta. Porque, além de eu descobrir Clarice, vi ali, materializada num conto, a minha própria paixão pela literatura. Desde então, ela nunca saiu da minha vida. A literatura. E a Clarice também!

Você tem alguma rotina para escrever ou escreve quando surge oportunidade?

Não tenho rotina. Aliás, escrever, para mim, é um fôlego que tenho de tomar de vez em quando para não sufocar em minhas próprias palavras ou na minha própria rotina. E como toda tomada de fôlego que se preze, eu só o faço quando estou no limite do sufocamento.


Quanto tempo demora para concluir um livro?

Bom, eu só escrevi um. Então, tenho apenas essa experiência. A Polina foi sendo gestada por muito tempo. Eu fazia alguns escritos, deletava-os, voltava a escrever, parava... Até que, de repente, ela disse "Chega! Preciso nascer agora!". E aí conclui a história em pouquíssimo tempo.

As histórias “se escrevem” sozinhas ou você pensa na trama inteira?

Na minha percepção, pensar a trama inteira pode até ser possível, mas quando o autor começa a escrever, a história vai ganhando vida própria e você tem de estar aberto para deixá-la assumir seu próprio enredo. Na minha cabeça, por exemplo, a história da Polina seria outra. Mas, na medida em que ela foi nascendo, foi trilhando um caminho bem diferente do que imaginei. E eu me desembrulhei para recebê-la.

De onde vem a inspiração?

Da vida! De nossas experiências, das leituras que fazemos, das pessoas com quem convivemos. Eu tenho um caderninho onde anoto tudo: uma fala, um fragmento de ideia, um sonho... Alguns ficam ali para sempre e não se desenvolvem nunca. Outros vão ganhando forma, tomando espaço... Acho que inspiração é isto, né: a apropriação de uma lasca do cotidiano da vida.

Quais são seus livros e autores/autoras favoritos?

A pergunta mais difícil! Eu tenho tantos livros e autores favoritos! Vou citar três autoras brasileiras que sempre me inspiram e me ensinam e que têm obras maravilhosas, infinitas, que reverberam para sempre dentro da gente: Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Aline Bei.

Tem planos para livros futuros?

Já tenho outro livro sendo gestado. Em breve, ele nasce. Ou não, né. Vamos aguardar!

RESENHA

Meu primeiro contato com a escrita da autora Priscila Blazko e já gostei muito da sua linha narrativa. A vida (quase) secreta de Polina Polenta é um livro infanto-juvenil mas que conversa com qualquer idade e aborda temas super importantes e necessários que muitas vezes não são trabalhados com as crianças.

De uma forma bastante encantadora e conseguindo conciliar temas pesados com a magia do mundo infanto-juvenil, Priscila nos traz a história de Polina Polenta. Ela foi encontrada por Dona Geli, uma mulher corpulenta e acumuladora que adora levar tudo que encontra para casa. Não foi diferente com o embrulho que encontrou no chão do seu trabalho, enfiou dentro dos seios fartos e ao começar a desenrolar o pano devagar em casa, Geli encontra uma bebezinha encolhida dormindo com as mãozinhas sobre o rosto.

"O que Dona Geli sentiu nesse momento não foi espanto.

Nem admiração.

Tampouco alegria.

Foi resignação".


Geli decidi manter a bebê que dá o nome de Polina Polenta e ao longo das páginas seguintes vamos acompanhando o desenvolvimento e crescimento da relação entre Geli e Polina. Como toda relação real, ela tem altos e baixos. Geli que não estava acostumada a ter companhia, acaba magoando com algumas palavras a pequena Polina, que também está aprendendo e acaba tendo sentimentos terríveis em relação a Geli.

Priscila trabalha muito bem o desenvolvimento da relação e do amor das duas que vai acontecendo aos poucos e que tem em seu momento alto a conversa. É quando Geli decide contar seu passado para Polina que elas se conectam e um mundo de possibilidades se abre diante ambas. Mas, nem tudo é como a gente espera e a vida tem sempre uma surpresa, nem sempre feliz, nos esperando na esquina.

O livro é realmente envolvente, encantador e mesmo abordando temas pesados como abandono, depressão, abuso sexual e morte, consegue trabalhar isso de forma bastante sutil e emocional. Esse pra mim é o ponto forte dessa leitura. São assuntos necessários, que precisam ser tratados com as crianças e nem sempre encontramos literatura a respeito.

A autora soube encontrar o tom pra contar essa história e por isso recomendo muito a leitura!

Por EVELYN RUANI

Bibliotecária do SESI e leitora compulsiva! Apaixonada por livros e palavras.


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