Um homem foi preso nesta segunda-feira (27) em Hortolândia sob suspeita de abusar sexualmente de pelo menos cinco mulheres. Segundo a Polícia Civil, ele se apresentava como guru espiritual e teria usado essa posição para cometer os crimes.
As sessões espirituais ocorriam em uma casa no Jardim Nova Hortolândia. As vítimas relataram que o suspeito oferecia uma bebida que as deixava alteradas, iniciando os abusos em seguida. O caso veio à tona após uma discussão interna na seita, na qual o guru tentou expulsar um homem amigo das mulheres. Em resposta, três delas denunciaram o guru à polícia no dia 17 de maio. Dias depois, outras duas mulheres também relataram abusos semelhantes.
A Delegacia da Mulher conduz as investigações. Durante o processo, as vítimas prestaram depoimento e o suspeito também foi ouvido. A Justiça emitiu um mandado de prisão, resultando na captura do guru por policiais civis do Setor de Investigações Gerais (SIG). Na operação, foram apreendidos três celulares, uma filmadora e um simulacro de arma de fogo na casa do suspeito.
O delegado responsável pelo caso, João Carlos Ferreira, informou que as investigações continuam com o objetivo de identificar outras possíveis vítimas. "Estamos trabalhando para garantir que todas as pessoas que sofreram abusos possam ser ouvidas e que o culpado seja devidamente punido", declarou Ferreira.
As vítimas, com idades variando entre 25 e 40 anos, relataram que confiaram no guru por acreditarem em seus supostos poderes espirituais. "Ele se aproveitou da nossa vulnerabilidade e da nossa busca por respostas espirituais", disse uma das mulheres, que preferiu não ser identificada.
A denúncia trouxe à tona discussões sobre a vulnerabilidade de pessoas que procuram apoio espiritual e os riscos de abusos em contextos religiosos ou de seitas. Especialistas em psicologia e espiritualidade destacam a importância de verificar a idoneidade dos líderes espirituais e a necessidade de regulamentações mais rigorosas para proteger os fiéis.
Organizações de apoio a vítimas de abuso sexual manifestaram apoio às mulheres e se colocaram à disposição para prestar assistência. "É fundamental que essas mulheres recebam todo o apoio necessário, tanto jurídico quanto psicológico, para superar este trauma", afirmou Ana Paula Souza, coordenadora de uma ONG de apoio a vítimas de violência sexual.
A população de Hortolândia recebeu a notícia com choque e indignação. "É assustador pensar que alguém pode usar a fé das pessoas para cometer crimes tão graves", comentou um morador do Jardim Nova Hortolândia, que preferiu não ser identificado.
A Delegacia da Mulher pede que outras possíveis vítimas ou pessoas com informações sobre o caso entrem em contato para contribuir com as investigações. O telefone para denúncias é o 181, que garante anonimato aos denunciantes.
As autoridades reforçam a importância de denunciar qualquer caso de abuso ou comportamento suspeito, lembrando que o silêncio pode perpetuar a impunidade e o sofrimento das vítimas. "Precisamos encorajar as vítimas a falarem e buscar justiça, para que situações como essa não se repitam", concluiu o delegado Ferreira.
Com a prisão do guru, a comunidade espera que a justiça seja feita e que episódios semelhantes não voltem a ocorrer. As investigações continuam, e novas atualizações serão divulgadas conforme o andamento do caso.
A matéria foi publicada no site G1.